Adaptação do Miocárdio em Treinamento com Pesos e Pressão Arterial - Hipertensos

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A realização de exercícios físicos desencadeia uma série de respostas fisiológicas nos vários sistemas corporais e em particular no sistema cardiovascular. A fim de manter a homeostase celular diante do rápido aumento das necessidades metabólicas há um aumento significativo do débito cardíaco, uma redistribuição do fluxo sangüíneo e uma elevação da perfusão circulatória para a musculatura ativa.

Os níveis de pressão arterial sobem durante o exercício físico, porém sabe-se que o mesmo praticado de forma regular e freqüente contribui para que haja uma redução da mesma, tanto de forma aguda como crônica. A musculação e o treinamento de força não eram vistos no passado como benéficos para a saúde e a aptidão física. Tal visão não tinha embasamento científico, era fundamentado somente em raciocínios fisiológicos ou fisiopatológicos. Com o acúmulo de evidências científicas tais críticas deixaram de ocorrer.

Atualmente dispomos de variada documentação que relata os benefícios do exercício com peso para a saúde, inclusive para o sistema cardiovascular. O treinamento de força resulta em uma hipertrofia cardíaca em que não há aumento além do limite normal da parede miocárdica (hipertrofia fisiológica) diferente da hipertrofia causada pela hipertensão (hipertrofia patológica). As adaptações cardiovasculares ao treinamento de força ocorrem devido à necessidade de bombear uma quantidade relativamente baixa de sangue em uma pressão relativamente alta.

Em se tratando das adaptações cardiovasculares que ocorrem no repouso, sabe-se que a freqüência cardíaca de repouso permanece na média ou abaixo da média em atletas treinados em força. Isso ocorre devido ao aumento da estimulação parassimpática e diminuição da simpática para o coração. A pressão arterial permanece na média ou abaixo da média em atletas (tanto PAS quanto PAD), a explicação para tal fato é a redução da gordura corporal, redução do sal e alterações no impulso simpático do coração.

A freqüência cardíaca e a pressão arterial aumentam substancialmente durante o treinamento de força, principalmente nas últimas repetições de uma série até a falha concêntrica voluntária. Essas duas variáveis aumentam em maior proporção ao final de séries submáximas até a falha voluntária do que em séries usando cargas de 1 RM. A exposição freqüente e regular ao treinamento de força proporciona uma redução do stress cardiovascular no 3º repouso além de também reduzi-lo durante outros exercícios.

A resposta da pressão arterial durante a atividade resulta de um aumento da pressão intratorácica que provoca uma redução do retorno venoso. Consequentemente há também uma redução do volume sistólico e um acúmulo de sangue na circulação sistêmica resultando em um aumento da pressão arterial.Hipertensão arterial: Não são ainda conhecidos todos os mecanismos que iniciam e mantêm a pressão arterial elevada na hipertensão arterial primária.

A fisiopatologia envolve duas variáveis básicas: fluxo sistêmico total (DC= FC x volume de ejeção) e resistência oferecida pelos vasos sangüíneos periféricos (resistência vascular periférica. O conceito mais recente de hipertensão arterial baseia-se na idéia proposta por Weber, que a hipertensão não pode ser entendida somente como uma condição clínica de cifras tensionais elevadas, mas como um quadro sindrômico incluindo alterações hemodinâmicas, tróficas e metabólicas. Muitos dos elementos da chamada síndrome hipertensiva são fatores de riscos cardiovasculares isolados independentes da elevação da pressão arterial. Acredita-se que a associação dessas alterações em um indivíduo tenha base genética, podendo também haver influência do meio ou estilo de vida.

*Pressão Sanguínea.

São um produto final mensurável de uma série de fatores excessivamente complexos, inclusive aqueles que controlam o diâmetro do vaso sangüíneo e a responsividade, aqueles que controlam o volume do fluido interior e fora do leito vascular e aqueles que controlam o débito cardíaco. Nenhum destes fatores é independente, eles interagem entre si e respondem às modificações da pressão sangüínea.

*Exercícios Resistidos.

São exercícios realizados contra alguma resistência (normalmente pesos) graduável à contração muscular.

*Exercícios Dinâmicos.

São exercícios onde há contrações musculares dinâmicas, ou seja, existe movimento articular durante a contração. As contrações concêntricas e excêntricas são dois tipos de atividade dinâmica.

São exercícios realizados com intensidade leve a moderada e normalmente com tempo de duração longo, envolvendo grandes grupamentos musculares. Ex. caminhar, correr, pedalar, nadar...

*Segundo o I Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular.

"Os efeitos fisiológicos do exercício são classificados como agudos imediatos, agudos tardios e crônicos". Agudos imediatos são os que ocorrem per e pós imediatamente ao exercício, ex.: aumento da FC, ventilação pulmonar e sudorese... Os efeitos tardios são os que ocorrem até as primeiras 24 horas pós-exercício, ex.: discreta redução dos níveis tensionais, especialmente nos hipertensos; aumento do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares.

Por fim, os efeitos crônicos, também denominados adaptações, são os que resultam da exposição freqüente e regular às sessões de exercício, são os aspectos morfofuncionais que diferenciam o indivíduo fisicamente treinado de outro sedentários ex.: hipertrofia muscular, aumento do VO2 máx., etc...

Aspectos básicos da estrutura músculo-esquelético e o treinamento: a avaliação da condição músculo-esquelético para a prescrição adequada dos exercícios tem fundamental importância, pois algumas alterações nas funções deste sistema podem prejudicar ou mesmo inviabilizar um Programa de Reabilitação Cardiovascular (PRCV).

As lesões nos programas supervisionados geralmente ocorrem em fases iniciais, os fatores etiológicos freqüentemente envolvidos são: a fraqueza, a redução da resistência muscular, as retrações músculo-tendíneas que reduzem a flexibilidade e provocam alterações posturais e maior sobrecarga articular, a não coordenação motora e percepção reduzida do posicionamento dos segmentos corporais que determinam padrões de movimentos não-harmônicos.

-Pré-requisitos para o treinamento de força e resistência muscular.

-Ausência de doença músculo-esquelético que contra-indique a utilização de cargas elevadas.

-Pressão arterial sistêmica normal ou controlada.

-Ausência de arritmias complexas.

-Ter completado pelo menos 6 a 8 semanas de um PRCV e apresentar capacidade funcional mínima de 17 ml/kg/min.

*Metodologia de Treinamento.

Os princípios baseiam-se em três: especificidade, sobrecarga e reversibilidade. O princípio da especificidade diz que todo treinamento tem efeito específico no desenvolvimento do grupamento muscular e no sistema 5º energético utilizado. Já o princípio da sobrecarga afirma que o treinamento efetivo e seguro é aquele que o aumento das sobrecargas é aplicado de maneira progressiva respeitando a individualidade. Por fim, o princípio da reversibilidade diz que os efeitos benéficos do treinamento são transitórios e reversíveis e podem desaparecer com a diminuição ou falta do exercício.

*Prescrição de Exercício.

- Fórmulas para a determinação da FC de treinamento: escala de Borg, tabela de Fox e fórmula de Karvonem.

*Prescrição de Treinamento de Eesistência Muscular.

O treinamento contínuo pode ser aplicado segundo o tempo de realização em exercícios de curta, média e longa duração. O treinamento aeróbio intervalado deve ser individualizado estabelecendo-se a duração total, nível de intensidade, número de repetições para cada intensidade e duração de cada intensidade.

As vantagens do treinamento intervalado quando comparado ao treinamento contínuo são três maior realização de trabalho total facilitação da adaptação da musculatura esquelética para suportar exercícios de maior intensidade, quebra da monotonia do treinamento.

*Prescrição de Treinamento de RML.

As adaptações fisiológicas da musculatura esquelética dependem das seguintes condições: exercícios dinâmicos, cargas submáximas, número de séries, número de repetições e duração dos intervalos entre cada série. O treinamento mais usado em RML é o circuito, a aplicação deste deve considerar os seguintes aspectos:

a)Grupos musculares solicitados;
b)Grau de dificuldade de execução;
c)Eventuais problemas ortopédicos;
d)Número de estações do circuito;
e)Tempo de permanência em cada estação;
f)Duração do intervalo entre as estações;
g)Ordem dos exercícios;
h)Técnica correta da atividade;
i)Individualização das cargas de treinamento.

*Prescrição de Treinamento de Flexibilidade:

O treinamento de flexibilidade tem como objetivo melhorar a mobilidade articular e elasticidade muscular podendo ser desenvolvida através de métodos estáticos e dinâmicos. Reabilitação cardiovascular na hipertensão arterial sistêmica: ainda não se conhece todos os mecanismos da hipertensão arterial primária, duas variáveis envolvidas na fisiopatologia são básicas:

- Fluxo sangüíneo sistêmico total (DC) e 2- resistência vascular periférica. O Segundo Conselho Brasileiro para o tratamento da hipertensão arterial em 1994 da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) considerou que os programas de atividade física devem ser vistos como tratamento não farmacológico. Nas recomendações da 6º literatura sobre prescrição de exercício existe consenso de que a atividade física deve ser moderada e com componente isotônico predominante. Os aspectos peculiares na prescrição de exercícios na hipertensão arterial são:

- Exercícios regulares predominantemente isotônicos com mobilização de grandes massas musculares;

- Liberação sem medicação somente para indivíduos que apresentem PAD entre 90 e 105 mmHg e sem lesão de órgão alvo; maiores ou iguais a 110 mmHg, o tratamento farmacológico e supervisão médica para o exercício são necessários.

- Níveis de PAS menores ou iguais a 200 mmHg durante a atividade -Nível de DP menor ou igual a 28.000, só manter o indivíduo na atividade se este não apresentar sintomas.

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