Literatura Portuguesa

terça-feira, 19 de maio de 2009

*Trovadorismo

Primeira época literária da Literatura Portuguesa, iniciou-se aproximadamente em 1198. O texto poético mais antigo datado dessa época é de autoria do trovador Paio Soares de Taveirós, que o dedicou à dona Maria Pais Ribeiro, amante de D. Sancho I. o texto chama-se “Cantiga da Ribeirinha”.

O idioma utilizado nessa época era o galego-português (derivação de um dialeto latino, o romanço). O texto escrito era menos comum que o texto oral, e daí vem a importância da poesia, que versifica e ritmava a fala, produzindo canções (cantigas) ou trovas.

*Poesia trovadoresca

Nessa etapa os textos ou cantigas foram subdivididos em 2 grupos:

*Poesia Lírica

- Cantigas de Amor: de origem provençal (Provença, região do sul da França) influenciou as cantigas de amor em Portugal pela imigração de colonos franceses; pelo comércio, lutas contra os mouros, etc...

O trovador declara seu amor a uma dama, uma mulher inatingível, e chega a pensar na morte para minimizar a dor e o sofrimento que essa paixão lhe traz; isso geralmente acontece num palácio.

- Cantigas de Amigo: são mais antigas do que as de amor. Porém, não eram escritas e só depois foram transformadas em texto. São poemas que falam do sentimento feminino (mas que são escritos por homens), e de uma mulher que sofre pela separação do amado e se angustia por não saber se ele volta ou se arrumou outra amante. O ambiente da história é o campo.

*Poesia Satírica

Falam de costumes e comportamentos da época.

- Cantigas de Escárnio: textos com duplo sentido, irônicos, mas que não revelam a quem se referem.

- Cantigas de Maldizer:
revela o ser que é ironizado pelo comportamento inadequado, num texto com vocabulário obsceno e/ou erótico.

Os autores principais destas obras são: D. Dinis (Rei de Portugal), Paio Soares de Taveirós, Martim Codax, Fernando Esguio, Airas Nunes de Santiago, João Garcia de Guilhade, D. Afonso Mendes de Besteiros e João Zorso.

As poesias trovadorescas encontram-se reunidas em coleções chamadas cancioneiros. São três os cancioneiros importantes da Literatura Portuguesa:

- Cancioneiro da Ajuda: possui cerca de 340 poesias.

- Cancioneiro do Vaticano: com aproximadamente 1205 cantigas, inclusive a obra completa de D. Dinis (o Rei Trovador).

- Cancioneiro da Biblioteca Nacional: com 1647 poesias.

A primeira obra conhecida da Literatura Portuguesa é a cantiga de autoria de Paio Soares de Taveirós denominada “Cantiga da Ribeirinha”, dedicada à Dona Maria Pais Ribeiro, amante de D. Sancho I. é uma cantiga de amor no qual o trovador confessa seu amor pela senhora, lamentando que ela lhe seja inacessível:


*Cantiga da Ribeirinha

“No mundo non me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Ca já moiro por vós — e ai!
Mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
que vos entron non vi fea!
E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
Me foi a mim mui mal,
E vós, filha de don paai
Moniz, e bem vos semelha
D’haver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, d’alfaia
Nunca de vós houve nen hei
Valia d’ua correa.”


*D. DINIS

Nasceu em 1261 e morreu em 1325. rei de Portugal, foi um dos maiores trovadores de sua época. Escreveu cerca de 138 cantigas, que encontraram-se distribuídas no Cancioneiro da Vaticana e no Cancioneiro da Biblioteca Nacional. Amante da cultura, foi protetor de muitos poetas. Escreveu cantigas de amor, de amigo e maldizer. Fundou a Universidade de Lisboa, em 1290. sua produção exemplificaremos abaixo:


*Cantiga de Amor

“En gran coyta, senhor,
Que peyor que mort’é,
Vivo, per boa fé,
E pólo voss’amor
Esta coyta sofr’eu
Por vós, senhor, que eu

Vy pólo meu gram mal,
E melhor mi será
De morrer por vós já
E, pois me Deus non val,
Esta coyta sofr’eu
Por vós, senhor que eu

Pólo meu gran mal vi,
E mays mi val morrer
Ca tal coyta sofr’eu
Por vós, senhor, que eu
Vy por gram mal de mim,
Poys tam coytad’and’eu.”



*Cantiga de Escárnio

“Joan Bol’ anda mal desberatado
E anda trist’ e faz muit’ aguisado,
Ca perdeu quant’ avia guaando
E o que lhi leixou a madre sua:
Uu rapaz, que era seu criado,
Levou-lh’ o rocin e leixou-lh’ a mua.

Se el a mua quisesse levar
A Joan Bol’ e o rocin leixar,
non lhi pesara tant’, a meu cuidar,
nen ar semelhava cousa tan crua;
mais o rapaz, por lhi fazer pesar,
levou-lh’ o rocin e leixo-lh’ a mua.

Aquel rapaz, que lh’ o rocin levou,
Se lhi levass’ a mua que lhi ficou
A Joan Bolo, como se queixou,
Non o rapaz, por mal que lhi cuidou,
Levou-lh’ o rocin a mua.”



*Prosa Trovadoresca

É representada pelas novelas de cavalaria, livros de linguagens, hagiografias e cronicões. Os livros de linguagens eram uma espécie de árvore genealógica em que constavam listas de nomes de famílias fidalgas. As hagiografias e os cronicões, textos que eram escritos em latim, possuem pouco valor, pois em verdade têm mais caráter historiográfico que literário. As novelas de cavalaria, originárias da França, eram o resultado da prosificação de canções com temas épicos (canções de gesta). Basicamente, tratavam das aventuras e feitos dos cavaleiros medievais, principalmente influenciados pela história do Rei Artur.

Embora importante, a prosa trovadoresca não sobressai tanto quanto a poesia.

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